segunda-feira, 24 de maio de 2010

E o tempo vai passando...

45,1 cm, 1817g, 33 semanas


Fizemos os chás de fralda da pequena Beatriz! Foram 3 no total, e fiquei muito feliz com a quantidade de fraldas, mas principalmente com o carinho de todos!!! Tive surpresas boas como um professor meu que mandou fraldas!!! O primeiro foi com a família... o segundo com as pessoas da faculdade... e o terceiro com as amigas... No total foram 1 pacote RN, 23 P, 51M, 10G e 1XG!!! Sucesso Total!!!!

Começamos a lavar as roupinhas e ensacá-las.. tudo para que não haja surpresas!!! O quarto já está pronto, e está lindo!!!! É branco com uma parede verde, mandei fazer a cortina e comprei uns enfeites de madeira bem bonitinhos pra colar na parede!!!


Participei do primeiro cursinho para gestante, no hospital Santa Lúcia.. tudo para me dar mais segurança... Só tinha eu de mãe novinha, e mesmo aceitando já, e criando expectativas, quando vejo um monte de gente assim, me dá uma vontade de fugir, de sair correndo, de esconder a barriga...

É tão estranho pensar que daqui um pouco mais de um mês vai ter um bebezinho no meu colo!!! Tenho receio de como vai ser, mas a ansiedade está me corroendo!!! Curiosidade pra saber se é branquinha ou moreninha, se tem muito cabelo ou se é carequinha, qual a cor do cabelo... e dos olhos?? Tenho vontade de pegá-la logo no colo e me ver sem essa bola na barriga. Eu o que eu sinto é que quando eu estiver com a minha criança, vou amá-la e vou curtir muito, mas é que não adianta, eu não consigo curtir essa barriga...

Ah, fiz as fotos com a Luana. Eu não consigo me sentir segura e bonita (rs), mas as fotos ficaram muito lindas!!!!

Nesse tempo aconteceu uma coisa muito chata... tive contato com Rubéola, e passei um final de semana muito tenso por isso! O meu “querido” médico me falou que a rubéola na gravidez ataca o sistema nervoso central do bebê, como o da minha já estava formado, podia acontecer só coisas mais leves como surdez, problema de visão, etc... Fiz o exame de sangue, mas o resultado só sai semana que vem! Já chorei demais... tudo bem que já errei muito com esse bebê na minha barriga, mas deu tudo certo, aí de repente agora acontece alguma coisa que pode afetá-la?? Não posso pegar rubéola, não posso...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

“Every breath you take, every move you make... I’ll be with you!”

39,6 cm, 1084g, 28 semanas


“Já se pode sentir o soluço, treinamento da respiração, e o bebê já pode sonhar!”

Aos poucos o meu coração parece se acomodar. E ao poucos eu vou aprendendo a querer e a amar essa menininha que está aqui dentro. As relações com as pessoas também vão ficando mais naturais e começo a me cobrar menos. São muitas sensações e sentimentos novos, muitos dos quais eu não sei lidar. É realmente esquisito sentir algo se mexer dentro da própria barriga, e ela se mexe muito! E principalmente nas horas que eu quero descansar! Além disso, morro de azia, já carrego um vidro de sal de frutas dentro da bolsa!

Ainda tem uma coisa que eu não fico muito a vontade... todo mundo que me vê vem logo colocando a mão na minha barriga. Sei que é carinho com a Beatriz, e comigo também. Mas é que antes de ser a “casa” da Bia, é a minha barriga. E mais esquisito ainda é quando alguém já vem logo levantando a minha blusa. Que fique bem claro, eu não estou reclamando, mas que é esquisito, é!!! =)

Aconteceu uma coisa desagradável: fiquei furiosa com o meu médico! Existe uma tal ecografia em 3D que dá pra ter uma noção mais real do bebê, que eu queria muito fazer, só que o médico fez o favor de não me dizer que é recomendado que se faça essa ecografia entre a 24ª e a 27ª semana. Resultado: fiquei aos prantos por isso. E ele o que fez? Me deu uma caixa de lenço e me mandou achar um motivo mais importante pra chorar. Me senti ridicularizada. Eu sei que quando a neném nascer eu vou poder ver o rostinho dela, mas eu queria ver na ecografia. E se pra ele, é só mais uma gravidez, pra mim não é. É a MINHA gravidez e é a primeira, possivelmente a última!

É incrível como tem pessoas que fazem todo o esforço do mundo pra me ver bem e superar a minha depressão, e tem pessoas que sem o menor esforço conseguem me colocar pra baixo...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Beatriz

“Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Aí, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz"

Trecho da música Beatriz, do Chico Buarque


E sendo uma menina, é Beatriz. Por que? Desde criança minhas bonecas se chamavam Beatriz. Poderia ser Isadora também, mas o pai prefere Beatriz.

Tenho passado por provas de fogo... primeiro, precisei contar ao primeiro amor que eu estava grávida. Só não foi pior, porque não foi ao vivo, ainda assim a conversa não foi menos tensa. Sabe o que é você pensar que um ponto final foi colocado numa história que você preferia que fosse sempre reticências? Saudade, muita saudade!

A segunda prova de fogo foi logo no dia do meu aniversário. Amanheci com muita vontade de chorar e de fugir do mundo! Almocei com a minha mãe e irmã, mas eu realmente não sentia vontade de comemorar nada! E já estava vivendo a agonia de a noite ter que encontrar amigos que ainda não sabiam da gravidez e o amor antigo! Recebi telefonemas que me fizeram chorar muito! E aí começaram as dores, fortes, nas costas. Eu não conseguia deitar, sentar, andar, ficar parada... que agonia! Fui pro hospital e foi lá que passei meu aniversário. Era cálculo renal. O meu único alívio foi não precisar encontrar ninguém!

Passado o meu sustinho com o parto do cálculo, fui pro Moinho. Viajei pra um lugar em que a maior viagem seria mesmo espiritual! Fui com pessoas queridas demais, e que me trataram sempre com muito carinho. Lá eu pude deitar na rede e ouvir a chuva cair, lágrimas escorreram dos olhos. Pela primeira vez me senti livre de cobrança. Era eu e a minha bebê! Lá eu não precisava contar pra ninguém a minha “novidade”, nem dar satisfações pra ninguém, nem me sentir julgada por ninguém. Eu consegui fugir do mundo. E isso me fez muito bem!

Agora é olhar pra frente!

“Olha
Será que é uma estrela
Será que é mentira
Será que é comédia
Será que é divina
A vida da atriz
Se ela um dia despencar do céu
E se os pagantes exigirem bis
E se o arcanjo passar o chapéu
E se eu pudesse entrar na sua vida.”

sábado, 15 de maio de 2010

É uma menina!

26,4 cm, 315g, 21 semanas


           “Já dorme e acorda, já se movimenta e já está com os 5 sentidos desenvolvidos”

Ela estava chupando o dedo, mas a médica não tirou a foto


Ainda na ecografia passada tivemos uma revelação: é uma menina! Pra variar, chorei... e chorei muito. Eu achava que era um menino, e sinceramente, eu torcia pra que fosse um menino. Por que? Eu achava que a relação e a aceitação do pai seria melhor se fosse um menino. E ele me consolou. Disse que nenhum de nós dois amaria menos aquela menina!

Em mais uma das tentativas de me animar, minha mãe me levou a várias lojas de bebês pra que eu escolhesse.. no final comecei a chorar muito e aceitei o que ela me disse que era o melhor. Essa brincadeira de casinha tava indo longe demais, eu começava a tentar acreditar que era verdade, mas me acabava de chorar cada vez que isso acontecia.

A minha mãe parece estar empolgada. Pra mim, exageradamente empolgada. E essa empolgação me atropela. Sei que ela só quer me ver feliz, mas sinceramente, eu preciso de tempo! Mas que tempo? Daqui há uns meses essa criança está aí.. ai!

Minhas aluninhas do ballet fizeram uma festinha de boas-vindas pro bebê! Eu confesso ter adorado o carinho, e me espantou a felicidade delas em eu estar grávida. É tão incrível como na cabeça das crianças não passa nenhuma preocupação! Todas elas me deram presentinhos, dançaram, riram, fizeram carinho na minha barriga. E sinto que foi das primeiras vezes que não me senti criticada, julgada... essa inocência infantil me balançou, e me fez não querer me afastar das minhas aluninhas, elas foram um conforto pra mim, foram um lugar seguro longe do mundo real!

No mundo real, eu olho pro espelho e não me reconheço... essa barriga não é minha, não pode ser minha. Tenho medo do olhar de todos. Tenho medo do julgamento de todos. Fiz errado, eu sei, mas a maior culpa que eu sinto está na minha cabeça. Às vezes chego a me empolgar com as roupinhas, sapatinhos, com a mudança do quarto, mas quando me dou conta que isso não é uma brincadeira da minha infância, me bate um desespero.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Carta do meu pai

Contei ao meu pai por e-mail da gravidez, e ele escreveu uma carta muito bonita. Não vou reescrevê-la inteira, mas as partes mais importantes estarão aqui.


“Luanda, 23 /07/2007

Minha querida Luísa,

Quando vocês nasceram, eu consultei o I Ching. Esse livro é um manancial de sabedoria incrível de cinco mil anos de existência e me acompanha desde essa época dos anos oitenta. Era moda na época e me veio às mãos por intermédio do Mário Grassi. Ele adorava e me mostrou como usar. Daí pra frente, volta e meia eu o consulto quando acontecem fatos marcantes na vida. Claro que não podia deixar de consultar agora que vai nascer seu bebê.

(...)

E agora eu perguntei: o que representa o bebê da Luísa?

E veio a reposta:

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 26 TA CH’U/O PODER DE DOMAR O GRANDE

Acima a Montanha, Kên, abaixo o criativo, o Céu. Sempre a Montanha, a quietude. Aqui, a Montanha contém o céu. Por isso a imagem de domar o grande.

Aqui há três sentidos:

1. Conter no sentido de manter unido;

2. Sujeitar no sentido de deter;

3. Sujeitar no sentido de atender e nutrir.

Claro como água!!! O momento é de contenção. De conter. Nos dois sentidos. No sentido de deter, parar, mergulhar em si mesma. Parar com as loucuras e movimentos do mundo. E conter no sentido mais visceral de uma gravidez. A vida que contém outra. A imagem é, em si, belíssima!!! E, de quebra fala em manter unido!!! A gravidez como algo que vai manter unida a relação. Ou seja, o caminho de pôr a cabeça no lugar e seguir adiante!

Nas mutações, os recados foram claros! “As presas de um javali castrado. Boa fortuna!!!”

E, o “caminho do céu é alcançado! Sucesso.”

Ou seja, vai se uma época de contenção seguida de uma época de abrir caminho e alcançar o sucesso!!!! Essa criança vem com uma bênção para todo mundo.

Eu fiquei muito preocupado com sua carta. A culpa era enorme e o medo de um esporro também! Como fazer isso se já tinha te falado de gravidez uns meses atrás? (...)

Uma coisa é certa: o amor comanda tudo. Acho que o segredo foi deixar-me levar no barco do amor e ir levando a vida sob essa ótica indelével A ótica do amor; a ética da vida; e a estética do humor. O tripé de uma viva bem vivida! Uma vez escrevi: o amor é essencial. E o humor, fundamental. O equilíbrio que permite a vida. E, acrescento a beleza, como um fator de Beleza\estética, mas englobando o pensamento e as emoções. O belo no seu sentido mais amplo e profundo. A beleza, como somente uma libriana pode captar. Por que libra é o símbolo da beleza no zodíaco.

Assim tem sido a minha vida de pai. De amante, de ser no mundo, sempre perplexo e em mutação. Sempre disposto a correr riscos e a caminhar de peito aberto na escuridão. Claro que o medo está em tudo isso...Esse medo que você sentiu. O medo de quem sempre fez tudo certinho e agora, porra quê que o meu pai vai falar?”

Medo do futuro que se abre com sua boca escancarada. Filho é um compromisso de toda a vida. É uma assinatura numa carta em branco que vai ser preenchida ao longo de toda a sua vida.!!! É uma porta. Uma grande abertura para o que virá. E quem sabe o que virá? Lembra a música do Toquinho, “Aquarela?” Pois é. A tal astronave louca que chega sem pedir licença, muda nossa vida e depois convida pra rir ou chorar!!! Isso é belo. Toda gravidez tem algo de belo. Você deve estar linda!!! Peituda e bunduda!!! Uma mulherzinha muito linda!!! E cabia na palma de minha mão!!! O dedo era um fiapinho. O pé, quase nem existia. Hoje tá aí, pronta para viver a maior experiência dada a um ser humano viver.

Voltando ao seu Hexagrama, somente agora ele me faz sentido. Aqui diz, que a tranquilidade interna, aliada à alegria extrema, faz com essa alegria não se exceda e permaneça dentro dos limites corretos.

É assim que me sinto. Comedidamente alegre!!! O fato de ter descendência faz um pouco de carinho no coração e diz, podes morrer, seu nome vai prosseguir. Porque já penso nisso. Sei tanta coisa! Aprendi tanto! Estudei tanto! E tanta coisa que ninguém mais sabe, que me dá medo de morrer e não transmitir pra ninguém. De que valerá ter vivido, se ninguém sabe o que eu sei? E aí vem você, a mais politicamente correta das filhas e fica grávida... E logo aquela que fica eivada de dúvidas de afeto e coisa e tal. Não! Você não está sozinha! Não, todos amamos muito você! Não, ninguém vai te olhar feio porque você, definitivamente, não fez nada de errado!!! Podia ser numa época melhor? Quando é essa época? Depois de formada quando você vai estar trabalhando igual a uma maluca? Quando você achar o homem ideal e casar com ele? Mas onde está esse príncipe encantado? Alguém já arriou o cavalo branco dele? Essa de sexo só na hora certa sempre me deu no saco! A vida é mais forte que tudo!!! E há uma beleza nisso. Algo que só o tempo vai dizer. Assim são as coisas. (...)

Era um domingo de sol. À tardinha, a lua nova veio se juntar à estrela d’alva e eu disse a mim mesmo: a primeira é minha e a segunda é do mundo. E o curioso é que você tem ascendente em peixes fechando ciclos, enquanto Laura está reiniciando um. É preciso entender que, segundo Yung, um psicanalista discípulo de Freud, a cada um é dado desafios que ele próprio tem forças para suportar. Você agora vai ver a vida de pernas para o ar. A época é de contenção, como bem disse o I Ching. É preciso saber levar as coisas no barco do amor. Você acaba de cruzar a ponte para a maturidade. Aproveite! Sei que criar um filho é foda! Mas é bem prazeiroso também. (...)

É isso aí. O ideal é manter a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranquilo…

Um beijo no coração e minha bênção.

Papi/vovô Beto”

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mas é verdade mesmo?

20,3 cm, 190 g, 17 semanas
“Já achou seu primeiro brinquedo: o cordão umbilical”
Um mês se passou desde que soubemos da existência do bebê na barriga. Já olhei mais de 500 vezes e o segundo tracinho do exame de urina não desaparece... O de sangue eu já perdi as esperanças, meu hormônio está nas alturas... será que não trocaram essa droga?? Não é possível, não pode ser!!!!

Fui à nutricionista, comecei a fazer acupuntura e tudo que fosse possível pra ver se o meu mal-estar não fazia mau pro bebê. Não estava tranqüila, continuava angustiada. Agora o pai já sabia e alguns amigos também. Todos reagiram de maneira menos pior do que eu tinha imaginado, mas isso só piorava a minha culpa.

Nessa época tudo me incomodava, eu queria fugir do mundo! Tinha vergonha! E na verdade, queria me esconder de todos os meus amigos. Minha mãe me pressionava a contar. Eu me sentia invadida, queria que ela respeitasse o meu tempo. Mas a intenção dela era boa, só achava que se eu começasse a falar logo pra todo mundo, seria mais fácil pra que eu mesma aceitasse.

Eu continuava a chorar toda noite. Era muita dúvidas, inseguranças, e continuava a afirmar que a minha vida tinha acabado! E o bebê começava a se mexer e eu podia sentir. Senti admiração pelo bebê.

Criei uma barreira entre eu e todos aqueles que se aproximassem de mim. Meu preconceito comigo era maior que tudo, e tinha medo da reação de todas as pessoas. Além disso, não queria me permitir ter ninguém por perto, era uma espécie de punição. Também posso falar de pessoas que me ofereceram colo, carinho, ajuda, mas ficaram longe, muito longe, e isso me fez não acreditar em mais ninguém que me oferecesse ajuda. Me fez pensar que sozinha era melhor do que ter falsas expectativas. Acabei afastando inclusive aqueles que queriam me ajudar mesmo.

Eu só queria que a minha vida voltasse ao normal, eu queria não ter com o quê me preocupar, queria me sentir feliz, mas não havia nada que pudesse mudar isso.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Eu, grávida?

68 mm, 14 g, 13 semanas
“O feto está praticamente formado e inicia-se a maturação dos órgãos. Já é possível ouvir o coraçãozinho bater”

Eu, minha irmã e minha mãe fomos ao médico. Eu só chorava. Minha idéia era fixa: aborto. O médico me mandou logo fazer a ecografia. Sim, era verdade. Havia um bebê na minha barriga e eu chorava mais que tudo. A minha irmã era a única que estava feliz. Minha idéia de aborto continuava, e então a médica me faz ouvir o coração do bebê. 169 bmp. Chorei mais forte. Agora porque minha sensibilidade foi maior, e me fez ter dúvidas sobre o aborto. A médica me deu parabéns. Eu não sabia porque, se ela via o quanto eu estava triste! Triste não, desesperada!
Voltei a sala do médico. Entramos só eu e minha mãe. Ele foi o primeiro que teve uma reação “normal”: brigou comigo. Perguntou porque eu não o havia procurado antes, e disse que eu fui uma tola.
- E agora? (ele me perguntou)
- Aborto? (sugeri, chorando muito)
- Não faço. Você não é mais uma adolescente, você tem educação, e tem condições financeiras de criar um filho. E já está com 13 semanas. Pra fazer com remédio, você vai sentir muita dor e pode dar muita complicação.
- Quais? (eu estava disposta a tudo, mas a minha mãe não, vale lembrar!!)
- Olha, você pode tomar muito remédio, sentir cólicas horríveis e o aborto não dar certo, pode dar certo, e dar problema no seu útero também, pode ter que tirar o útero e não ter mais filhos e pode até dar uma complicação maior, como uma infecção generalizada.
Entendi onde ele queria chegar. Era no mesmo ponto da minha mãe (até hoje não sei se minha mãe e ele já não haviam conversado antes da consulta, mas é só especulação minha). Se corresse risco de vida, eu não faria o aborto. Por ela, porque por mim, na época, eu até preferia morrer do que ter que ser mãe.
Fui pra casa, precisava ficar sozinha e tentar pensar em tudo. Só pensava que naquele dia a minha vida tinha acabado. E na verdade, à partir daquele dia a minha vida nunca mais voltaria a ser a mesma. Tive sentimentos contraditórios: felicidade pelo bebê estar bem, mas tinha raiva de estar na minha barriga, queria fazer esse bebê ser feliz, mas não tinha idéia de como eu ia conseguir isso, já que eu não estava feliz e não via como ser feliz e ser mãe ao mesmo tempo. Me senti culpada pelo rumo da minha vida, de todos que estavam envolvidos (minha mãe, o pai da criança, etc) e principalmente pelo que seria a vida daquela coisinha pequena que tinha se instalado ali no meu útero! Entrei em depressão.