“Já achou seu primeiro brinquedo: o cordão umbilical”
Um mês se passou desde que soubemos da existência do bebê na barriga. Já olhei mais de 500 vezes e o segundo tracinho do exame de urina não desaparece... O de sangue eu já perdi as esperanças, meu hormônio está nas alturas... será que não trocaram essa droga?? Não é possível, não pode ser!!!!Fui à nutricionista, comecei a fazer acupuntura e tudo que fosse possível pra ver se o meu mal-estar não fazia mau pro bebê. Não estava tranqüila, continuava angustiada. Agora o pai já sabia e alguns amigos também. Todos reagiram de maneira menos pior do que eu tinha imaginado, mas isso só piorava a minha culpa.
Nessa época tudo me incomodava, eu queria fugir do mundo! Tinha vergonha! E na verdade, queria me esconder de todos os meus amigos. Minha mãe me pressionava a contar. Eu me sentia invadida, queria que ela respeitasse o meu tempo. Mas a intenção dela era boa, só achava que se eu começasse a falar logo pra todo mundo, seria mais fácil pra que eu mesma aceitasse.
Eu continuava a chorar toda noite. Era muita dúvidas, inseguranças, e continuava a afirmar que a minha vida tinha acabado! E o bebê começava a se mexer e eu podia sentir. Senti admiração pelo bebê.
Criei uma barreira entre eu e todos aqueles que se aproximassem de mim. Meu preconceito comigo era maior que tudo, e tinha medo da reação de todas as pessoas. Além disso, não queria me permitir ter ninguém por perto, era uma espécie de punição. Também posso falar de pessoas que me ofereceram colo, carinho, ajuda, mas ficaram longe, muito longe, e isso me fez não acreditar em mais ninguém que me oferecesse ajuda. Me fez pensar que sozinha era melhor do que ter falsas expectativas. Acabei afastando inclusive aqueles que queriam me ajudar mesmo.
Eu só queria que a minha vida voltasse ao normal, eu queria não ter com o quê me preocupar, queria me sentir feliz, mas não havia nada que pudesse mudar isso.
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