68 mm, 14 g, 13 semanas
“O feto está praticamente formado e inicia-se a maturação dos órgãos. Já é possível ouvir o coraçãozinho bater”
Eu, minha irmã e minha mãe fomos ao médico. Eu só chorava. Minha idéia era fixa: aborto. O médico me mandou logo fazer a ecografia. Sim, era verdade. Havia um bebê na minha barriga e eu chorava mais que tudo. A minha irmã era a única que estava feliz. Minha idéia de aborto continuava, e então a médica me faz ouvir o coração do bebê. 169 bmp. Chorei mais forte. Agora porque minha sensibilidade foi maior, e me fez ter dúvidas sobre o aborto. A médica me deu parabéns. Eu não sabia porque, se ela via o quanto eu estava triste! Triste não, desesperada!
Voltei a sala do médico. Entramos só eu e minha mãe. Ele foi o primeiro que teve uma reação “normal”: brigou comigo. Perguntou porque eu não o havia procurado antes, e disse que eu fui uma tola.
- E agora? (ele me perguntou)
- Aborto? (sugeri, chorando muito)
- Não faço. Você não é mais uma adolescente, você tem educação, e tem condições financeiras de criar um filho. E já está com 13 semanas. Pra fazer com remédio, você vai sentir muita dor e pode dar muita complicação.
- Quais? (eu estava disposta a tudo, mas a minha mãe não, vale lembrar!!)
- Olha, você pode tomar muito remédio, sentir cólicas horríveis e o aborto não dar certo, pode dar certo, e dar problema no seu útero também, pode ter que tirar o útero e não ter mais filhos e pode até dar uma complicação maior, como uma infecção generalizada.
Entendi onde ele queria chegar. Era no mesmo ponto da minha mãe (até hoje não sei se minha mãe e ele já não haviam conversado antes da consulta, mas é só especulação minha). Se corresse risco de vida, eu não faria o aborto. Por ela, porque por mim, na época, eu até preferia morrer do que ter que ser mãe.
Fui pra casa, precisava ficar sozinha e tentar pensar em tudo. Só pensava que naquele dia a minha vida tinha acabado. E na verdade, à partir daquele dia a minha vida nunca mais voltaria a ser a mesma. Tive sentimentos contraditórios: felicidade pelo bebê estar bem, mas tinha raiva de estar na minha barriga, queria fazer esse bebê ser feliz, mas não tinha idéia de como eu ia conseguir isso, já que eu não estava feliz e não via como ser feliz e ser mãe ao mesmo tempo. Me senti culpada pelo rumo da minha vida, de todos que estavam envolvidos (minha mãe, o pai da criança, etc) e principalmente pelo que seria a vida daquela coisinha pequena que tinha se instalado ali no meu útero! Entrei em depressão.
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